segunda-feira, 28 de agosto de 2017

O Jardim do Bacalhau

Só quem não viveu na Beira, em Moçambique, é que não conheceu o Jardim do Bacalhau.

Tinha esse nome por causa do seu feitio, era um triângulo isósceles de grande altura comparada com a sua base.

As árvores existentes eram de grande porte e faziam boas sombras, lembra-me do escorrega, enorme, comparado com aqueles que há por cá. Lembra-me que um dia escorreguei tantas vezes por ele abaixo, que apanhei um escaldão, pois era metálico e o Sol conseguia apanhá-lo por entre as ramas das árvores.

Também havia um balancé, mas não era o meu preferido. Outros dos meus favoritos eram os baloiços, que davam para crianças “grandes”, pois não eram só para os bebés como aqueles que há por cá. No baloiço podíamos voar, quando balançávamos para trás, víamos quantas vezes conseguíamos ir mais alto que a sua estrutura e quando balançávamos para a frente, esticávamo-nos todas para tocarmos com o pé nos galhos das árvores.

Lembro-me que, quando era pequena, pedir para irmos ao Jardim do Bacalhau, mas mais tarde já podíamos ir pelo nosso pé, sem pedir licença.

Ainda me lembro de irmos para uma “pequena” rampa, que havia perto do Jardim do Bacalhau, uma rua a descer desde a “Marginal”. Na parte de cima da rampa, montada na bicicleta tomávamos balanço e sem os pés nos pedais víamos quem mais longe conseguia chegar. Tivemos sempre sorte, pois nunca apareceu nenhum carro, porque se não seria “Mãe, sem pés… Mãe, sem mãos… Mãe, sem dentes”.

A última vez que lá estive lembro-me de ver 2 indivíduos, ou eram 3 (?), descalços, rotos, quase sem camisa, mas armados até aos dentes, estavam ao final do Jardim, na parte estreita. Quando chegamos a casa e contámos o que vimos, ficámos proibidos de sairmos de casa. Nunca mais lá voltei.

Também agora já não há fim-de-semana, por mais prolongado que seja, que me permita “ir à terra”.  É por isso que nunca mais voltarei lá!

………..

Parece que as árvores continuam por lá: Imagem na net

Mas os baloiços e o escorrega já devem ter feito “uafa”, só vejo bancos e mesas de pedra: Imagem na net

No Google aparecem com algumas referências:




sexta-feira, 11 de agosto de 2017

SOPA DE TOMATE À ALENTEJANA com um toque pessoal

Estamos no tempo do tomate, das uvas e dos figos, aqui fica um prato Alentejano para saborearem:

SOPA DE TOMATE TIPO ALENTEJANA
  1. Refogar (encher o fundo do tacho):
    1. Cebolas, alhos e pimento(s) cortados finamente,
    2. Salsa e poejos (folhas),
    3. Louro, piri-piri, sal e azeite q.b.;
  2. Depois da cebola alourar, deitar o bacalhau (uma posta por pessoa) sem peles, nem espinhas e cortado aos bocados, mexendo durante 2 a 3 minutos;
  3. De seguida acrescentar os tomates (sem pele, cortado aos quadrados miudinhos) no tacho, enchendo-o até um pouco mais de meio;
  4. Quando faltar um pouco para o tomate ficar totalmente cozido, deitar os ovos (um por pessoa) inteiros e deixá-los escalfar;
  5. Por fim apagar o lume, mergulhar um raminho de orégãos durante 2 a 4 minutos;
  6. Antes de servir retirar os orégãos e servir a Sopa de Tomate com Uvas e/ou Figos.





BOM APETITE!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

José Afonso... conhecido com carinho pelo "Zeca"!


Já passaram 30 anos!


Eu também estive num dos concertos do Coliseu (não sei se neste):





Hoje as TVs fizeram recordar-me o Zeca, conheci-o pessoalmente quando já se encontrava doente.

Aconteceu mais do que uma vez, quer no café do Hotel Esperança na Luísa Todi, quer no café à beira-rio junto aos barcos para Tróia em Setúbal. Juntava-me com amigos no café e ou ele já lá estava e chamava-nos ou então sentava-se na nossa mesa.

Ele não se encontrava sozinho, pois já necessitava de ajuda quer para andar, quer para lhe colocar o casaco pelas costas… mas nós só queríamos ouvi-lo, era um bom contador de histórias… gostava de as contar e olhar para as nossas caras... só tínhamos olhos para ele... tanto falava de quando andava em digressão com os miúdos (referia-se muitas vezes ao Júlio Pereira) até dos barulhos que fazia um mecânico que se instalou perto dele.

A maneira como contava os vários acontecimentos, desde os mais simples aos mais complexos... parecíamos que estávamos a vivê-los, como se de um filme se tratasse, a crítica social estava sempre presente, mas era descrita com uma subtileza que só estando com atenção a identificávamos.

Por nós ficávamos sempre mais um bocadinho… queríamos sempre mais… era uma tristeza quando ia embora… e acabou por não voltar, apesar de ansiosamente esperarmos pelo Zeca.

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É difícil escolher uma só canção, mas acabei por escolher a música “Carta a Miguel Djéje”... é maningue africana... fala da minha terra, o bairro da Ponta Gea, onde vivi vários anos... saber que é uma homenagem a um “mainato”... e que me faz lembrar que o meu Pai também teve vários amigos “mainatos” com quem continuou a se comunicar, mesmo depois de regressar a Portugal Continental.